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Cá estou eu, 8 anos depois (+ fitas protetoras para selos)

Note-se que esta postagem não possui o intuito de reavivar um blog de vida curta e abandonado há 8 anos. Hoje nem se usa mais blog na sua função precípua, mas simplesmente me deu vontade de escrever algo.

Nesses 8 anos de interregno, não há como agora fazer um balanço da minha vida de filatelista/colecionador/ajuntador de selos, então vou direto à ideia que me fez escrever: a importância de se utilizar bons acessórios na coleção de selos: protetores.

É uma pena que, no Brasil, tenhamos dificuldade de acesso a produtos importados, pois a maioria dos produtos mundialmente reconhecidos vem da Europa. Mas com o euro lá nas alturas, somado a fretes mal calculados e impostos abusivos de importação, mesmo como pessoa física, qualquer investimento em acessórios é muito dolorido, quando minimamente viável.

Tomemos como exemplos os protetores plásticos para selos (fitas protetoras). O famigerado "Hawid alemão". A marca que produziu uma metonímia encerrou suas atividades em junho de 2021.

(Parênteses: por que metonímia? No Brasil, quando se fala em protetores plásticos, a primeira palavra que vem à cabeça de colecionadores mais experientes é Hawid. Ou até mesmo o próprio nome Maximaphil, marca nacional que nos orgulhamos de ter. Ora, referir-se a um produto, seja de qual marca for, pelo nome da sua marca, tornando-o um substantivo comum, é um privilégio de que só marcas consolidadas gozam. Como Gilette, Modess, Miojo, Bombril, Nescau, Durez, Xerox, Band-aid e muitos outros. Isto é uma metonímia!)

Pois bem, o Hawid alemão sempre foi escasso e caro no Brasil. E agora, com a extinção de sua fábrica, está cada vez mais escasso e os poucos comerciantes que o importavam já não renovam seus estoques. De fato, é uma pena, pois Hawid era referência. No entanto, como os protetores são produtos tecnologicamente simples, apesar de ter um rigoroso controle de matéria-prima, encontramos diversas marcas de qualidade similar no exterior, como os da Prinz, da Leuchtturm, Lindner, e até os argentinos VK, pois acho que o clássico Filaband argentino também já era. (Obs.: Acho que os chineses ainda estão engatinhando nesse produto, devido a ser um produto de nicho muito específico. Não que lhes falte máquinas e mão-de-obra. Só agora está começando a pipocar alguma coisa...)

Mas eu havia mencionado o Maximaphil. Este, por sua vez, é um orgulho nacional, pois o Brasil, terra de gente criativa, é um dos poucos países que resolveu produzir seus próprios "Hawids", além da Argentina, fora da Europa. E acho que isso foi na década de 1980, no máximo no início da década de 1990). A fábrica da Maximaphil, hoje, é do querido Júlio Castro, da Filatelia77, que se esforça em manter a produção e supre as necessidades da maioria dos colecionadores brasileiros, com um preço acessível e um produto de boa qualidade.

Sou obrigado a confessar que, para mim, é mais fácil de usar os importados, pois a maioria deles vem com goma, o que facilita a colagem nos álbuns, e além disso a matéria-prima e a solda do Maximaphil são menos sofisticadas do que as dos europeus. Mas isso não interessa tanto, pois cumpre seu propósito com elegância, bom preço e tem o valor intangível do, repito, orgulho nacional. 

Em um dos informativos da Filatelia77, com que o Júlio nos brinda aos filatelistas brasileiros, ele mencionou estar trabalhando em ideias de melhoria do Maximaphil, e estou esperando ansiosamente por novidades. Como consumidor, eu espero um polímero "acid-free", mais fino, fosco e igualmente resistente, com uma solda discreta, e, por que não, uma gominha? Mas mesmo sem goma, qualquer melhoria é bem vinda.

Enquanto isso, eu alterno os meus Maximaphil com o pouco Hawid que tenho. E uso meus Hawids e outros protetores importados com um pouco de dó, pois queria usar protetores em tudo o que monto e organizo, mas nunca terei quantidade suficiente para isso (nem capital para comprar...). A sensação da escassez desse produto no mercado, e a dificuldade de comprar, fazem-me sempre hesitar ao usá-lo. Então, no final das contas, acabo por ter um pequeno estoque para os momentos de inspiração. Mas, como disse, está cada vez mais difícil mantê-lo...

Se você um dia ler esta postagem e tiver protetores importados que não esteja usando, ainda que de estoque antigo, e quiser se desfazer num preço camarada, fale comigo, pois estou sempre à procura! Quanto ao Maximaphil, como tenho direto acesso à fonte e todos os seus afluentes, não me preocupo pois sempre terei fácil em mãos. Voltimeia, aproveito um envio de selos de algum amigo comerciante e já incluo um pacotinho para ir usando.

Bom, hoje escrevi sobre protetores, e por mais estranho que isso pareça, acho que foi uma boa postagem após 8 anos... já que não devo me jactar da minha assiduidade neste blog, ao menos hoje ele deu uma acordada!

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